07 dezembro 2007

A ladra (Crônicas de Ferro parte 2)


O corpo do homem jazia morto naquela velha cama de estalagem. Não havia nenhum sinal de sangue ou da própria causa da morte, a não ser a presença de outra pessoa no quarto.
A mulher não resistiu ao malicioso sorriso que lhe escapava nos lábios ao olhar para o corpo. O trabalho estava feito e deveria sair dali o mais rápido possível, mas antes devia encontrar seu precioso tesouro. Gavetas voavam na busca frenética pelo objeto. Bolsas de couro batido foram rasgadas com a lamina da adaga que brilhava sob a luz das velas que davam iluminação ao quarto. Mas bastou que o olhar felino da mulher repousasse por dois segundos na madeira podre do assoalho, perto do criado-mudo, para que o mistério se desfizesse. Com a ponta de sua arma o assoalho foi removido revelando algo envolto em um sujo pedaço de pano. O esconderijo estava cheio de outros "tesouros" possivelmente roubados das inúmeras vitimas do homem, moedas de cobre ou objetos de prata. Porém para mulher era como se apenas o objeto envolto no pano existisse. Antes que pudesse olhar melhor para se assegurar que aquilo era o que vinha buscar, o barulho produzido pelos passos da pessoa que subia as escadas, fez a jovem se apressar.
Correu em direção a janela de madeira, que após ser forçada pelas delicadas mãos mostrou -se emperrada. A tranquilidade começou a se transformar em desespero. O primeiro chute contra a madeira da janela fez quem quer que estivesse subindo as escadas tivesse certeza que algo estava muito errado dentro daquele quarto.
Gritos dos homens, que agora se acumulavam do lado de fora do quarto, tornavam o ambiente ainda mais tenso para a ladra. O barulho produzido pelos ombros dos homens que batiam contra a porta era incessante. Antes de completar o primeiro minuto de tentativa a porta havia ido abaixo revelando aos homens o quarto da taverna aonde seu antigo mestre, Kalgotar, estava morto, sozinho. A Janela aberta, permitia que a luz do luar desse um brilho assustador aos olhos, ainda abertos, do homem morto.
Um dos subordinados de Kalgotar corre para a janela a tempo de ver o corpo da bela mulher pular de cima do telhado da casa ao lado para o chão da rua, e começar sua corrida em direção ao porto da famigerada cidade dos "Cinco dedos".
Hesitando por um momento, a jovem para em meio a rua, retira a cobertura do objeto por um segundo e observa com satisfação seu bem mais precioso. Mas não era hora de ficar parada apreciando aquilo, pois os homens agora desciam a rua na procura da maldita assassina de seu senhor. Um ágil pulo em direção a escuridão do beco mais próximo foi o bastante para se esconder dos bandidos mais próximos. Não podia voltar porque os homens estavam vasculhando toda aquela parte da cidade. E a frente só se encontrava o cais, o mar e alguns velhos barcos. Mais cedo ou mais tarde ela seria encontrada escondida na escuridão daquele beco. E temia ate imaginar o que eles lhe fariam quando isso acontecesse.
Tudo parecia perdido. O cerco se fechava. A escuridão que antes abrigava e a escondia parecia que estava lhe consumindo agora. E quando já estava para desistir, algo lhe devolve a esperança. Ao ver o velho navio zarpando do cais viu sua rota de fuga. Abandonando as sombras, correu. Os homens próximos ao verem sua presa, partiram em seu encalço. A mulher corria como uma pantera negra na noite perseguida por um bando de hienas sanguinárias.
A perseguição estava próxima de ter um fim.
O barco, que estampava o nome "Estrela Negra" quase ilegivel em meio aos musgos, já havia se distanciado alguns metros do cais. Até mesmo a ladra duvidava que conseguiria alcançar a embarcação com um salto, mas mesmo assim saltou. Suas mãos foram de encontro direto com a madeira do para-peito. Os malditos perseguidores que tentaram o mesmo salto agora estavam praguejando molhados na imensidão escura daquelas águas, enquanto seus amigos jogavam cordas para resgata-los e maldições sobre a mulher que se erguia como uma sombra para dentro do navio.
Escondida no porão em meio a caixotes e bagagens Cinarth aperta seu tesouro contra os seios num abraço cheio de emoção. A flauta, a ultima lembrança de seu amor, morto por Kalgotar, fora recuperada. Havia selado seu destino. Nunca mais seria Cinarth, a filha do Taverneiro. Agora era Cinarth, A ladra. Cuja o amor havia lhe sido roubado pela lamina de uma cimitarra. Cuja o coração havia se tornado tão negro quanto as águas daqueles mares naquela noite. E assim começa sua jornada.

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Img cedida (mesmo sem saber) por esse rapaz aqui xD
Este conto é a segunda parte deste aqui =)
Ainda não revisei nada... ou seja... deve estar cheio de erros de português e concordância ridículos xD

2 comentários:

Chichi eats disse...

Poxa, ainda tava triste pela morte do Bardo...mas gostei pra caramba da segunda parte!

Li outra vez e não achei nenhum erro não! hehehe

abração!

Zoltan disse...

Sim, agora parece que temos um escritor e uma história interessante pela frente! o>