28 maio 2008

Benór


A noite estava tão escura quanto o véu de uma viúva, como se o céu estivesse de luto pela morte daquele dia. Vislumbrava o portal que ornamentava a saída da minha vila quando noto a aproximação de alguém. Ao olhar para traz vejo uma criatura com aproximadamente 2 metros e meio de altura. Sua pele sardenta era cinza como a bruma da manha e demonstrava poucas manchas verdes. Seus olhos, apesar de brancos, revelavam a fúria que a alma daquele Trolloide possuía. A voz, a mais grave que eu escutei em toda minha vida, saiu antes que eu conseguisse fazer qualquer coisa.
-Amanha você deve partir meu filho.
-Eu sei meu pai. Disse tentando esconder a excitação que abatia o meu ser ao sair da vila para a grande jornada.
Todo descendente de Bragg deve aos 17 anos sair de sua vila em busca de aventuras, e só poderá voltar ao alcançar um estado espiritual superior. Não que eu soubesse como naquela época. Apenas queria viver minhas próprias aventuras.
-Buscará riquezas ou fama nessa jornada meu filho?
-Não meu pai.
-Então o que pretende encontrar alem dessa estrada?
-Honra meu senhor. Para nosso clã.
Suas mãos seguraram forte minha cabeça e me senti preso por aquele olhar fixo. Era como se ele estivesse procurando pela verdade de minha alma, e não ousei desviar o olhar ate que Baldur Bafo-de-Sangue se desse por satisfeito. Me soltou com um sorriso.
-Você diz a verdade meu filho, mesmo não sabendo ainda o que isso signifique.
E não sabia mesmo.
Ao brilhar o primeiro raio de sol daquele dia já estava na estrada. O grande machado da família nas costas, um martelo de batalha na cintura, um antigo escudo no ombro esquerdo e uma prepotência arrebatadora no coração. Não era mais um garoto. Agora seria Benór Uivo-da-Noite, um arauto da matança. No lugar de escutar as velhas historias dos anciões da tribo estaria em campos de batalha intimidando meus inimigos com brados de guerra terríveis. Não estudaria mais nenhuma antiga canção, pois estaria trespassando bestas com meu machado e me defendendo de bandidos com meu escudo.
Pelo menos assim imaginava naquele tempo.

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Esse texto é o primeiro de uma serie de contos sobre meu Trolloide no jogo de RPG narrado pelo Lobão. No próximo vocês verão cenas de ação (e uma desculpa bem esfarrapada para um item magico que eu quero =x)
Só esclarecendo Trolloides são parentes dos trolls convencionais, porem menores em tamanho e mais civilizados. Algum membros dessa raça possuem cordas vocais tão fortes e vozes tão poderosas que um grito pode ser ouvido a quilómetros de distancia ou um grito de guerra pode intimidar o mais valente guerreiro.
Tentei mudar um pouco as historias corriqueiras de aventureiros de d&d. Nada de pais mortos ou vilas devastadas por um inimigo mortal. Tentei mostrar a empolgação juvenil pelo perigo e pela guerra. Tradições familiares e raciais. Benór luta porque gosta de lutar. E é muito bom nisso.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Tentei mudar um pouco as historias corriqueiras de aventureiros de d&d. Nada de pais mortos ou vilas devastadas por um inimigo mortal."

Backgroud padrão de D&D auhauhauhauh! minha melhorzinha filho de 1 deus + humana =\