27 maio 2008

Dreamer

A perseguição parecia que não chegaria ao fim. O terceiro tiro resvalava numa das pilastra do prédio que a presa ardilosamente usava como cobertura durante sua fuga. O perseguidor não demonstrava nenhum sinal de cansaço, mas sabia que devia terminar isso logo, afinal de contas ninguém pode correr, com uma arma na mão em Brasília sem chamar a atenção. A policia estaria ali logo, e como odiava a competência que a desse maldito lugar tinha. Pulou uma das cercas vivas dos predios da w3 sul e finalmente teve uma visão limpa do garoto. Levantou a arma para um quarto tiro, deixou o ar sair dos pulmões com calma, fechou os olhos e puxou o gatilho. O barulho do projétil saindo da arma chegou aos meus ouvidos junto com uma forte luz branca que ofuscou minha visão.
Ao abrir os olhos cá estava eu novamente em meu apartamento. A cama estava encharcada com meu suor e o cheiro dos restos de comida acumulados no quarto começava a me incomodar. Mas não era hora de pensar nisso. Pego o vidro de valium em cima da escrivaninha, e deixo descer 6 comprimidos junto com o resto de uma coca-cola que nem me lembro a quanto tempo estava ali. Precisava dormir logo. Precisava voltar a sonhar.

Aos 8 anos tive meu primeiro sonho sobre o passado. Naquela época não controlava minha habilidade, e por anos fiquei perdido sem entender o que estava acontecendo comigo. Meus pais começaram a se irritar com toda aquelas historias sobre estranhos pesadelos quando estava com meus 12. Passei meu aniversario de 15 num manicómio. E só aos 18 um homem beirando os cinquenta anos apareceu dizendo que eu não era louco, e caso quisesse sair dali só precisava ajuda-lo a descobrir uma pequena coisinha. Eu era ingénuo de mais naquela época, não conseguia imaginar como dar aquela informação vinda do passado poderia ser algo tão desastroso. Sempre fui frustrado com o fato de nunca poder ver o futuro em meus sonhos, apenas o passado.
Maldição, será que o garoto esta bem? Desde o dia em que o velho havia me pedido para descobrir sobre o nascimento de um certo moleque em 1984 sabia que os meu destinos estavam ligados ao daquela criança. Coloquei o maldito menino em riscos e agora preciso me assegurar que fique tudo bem.
Minhas pálpebras estão pesando. Finalmente o sono esta chegando. Que os deuses não tenham permitido sua morte...

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, texto desceu delicioso...
parabéns pela escrita, suave e bem desenvolvida, no ponto. ;D

Anônimo disse...

Concordo com o felipe..